Nos 12 meses que se encerraram em abril de 2025, o preço do café moído disparou 80,2%, conforme divulgou o IBGE, marcando o maior avanço percentual desde o início do Plano Real, em julho de 1994. Em abril, especificamente, o aumento foi de 4,48%, desacelerando em relação ao salto de 8,14% registrado em março.
Essa escalada impacta diretamente a inflação de alimentos, que teve contribuição significativa para o IPCA geral, que subiu 0,43% em abril. Apenas Alimentação e Bebidas avançaram 0,82%, pressionando a taxa acumulada de 12 meses até 5,53%, o maior valor desde fevereiro de 2023. A meta central de inflação está fixada em 3%, com faixa permissível de 1,5 ponto para mais ou para menos.
O principal fator por trás da alta do café é a conjuntura global: eventos climáticos adversos prejudicam a produção, enquanto a demanda, especialmente em mercados como a China, segue firme. Além disso, a valorização do dólar encarece o produto no mercado interno, já que afeta o custo da matéria-prima brasileira .
Esses movimentos vêm afastando consumidores que estão, por exemplo, reduzindo a quantidade ou frequência do preparo da bebida, optando por alternativas mais em conta como o café solúvel, que também sofreu reajustes — embora em ritmo bem menor, na faixa dos 17% no mesmo período. Essa migração reforça um fenômeno curioso: em meio à escassez de grão e alta do dólar, os consumidores adaptam seus hábitos.
Por fim, o IBGE também destacou que a oferta de café arábica na safra 2025 pode cair cerca de 10,6% em relação a 2024, influenciada pelo ciclo de bienalidade negativa, o que tende a sustentar os preços altos regionalmente.






