CENÁRIO DOS JUROS SEGUE INCERTO ENTRE ANALISTAS MESMO COM INFLAÇÃO VINDO ABAIXO DO PREVISTO

junho 21, 2025

O Banco Central (Copom) voltou a adiar a definição sobre o encerramento do ciclo de altas da Selic, mantendo a Selic em 14,75% ao ano. A decisão segue em aberto, apesar da inflação de maio (IPCA) ter desacelerado para 0,26% — 0,11 ponto abaixo do esperado pela maioria das projeções.

Esse resultado reforça a esperança de que o ajustamento monetário chegue ao fim. Mas o cenário é complexo: a inflação acumulada em 12 meses ainda está em 5,32%, bem acima da meta de 3% com margem de tolerância de 1,5 ponto, ou seja, até 4,5%. Para que o BC volte a baixar juros rapidamente, seria necessário um resultado negativo de pelo menos 0,57% no IPCA nas próximas pesquisas.

Entre os analistas do mercado, existem visões divergentes. Um grande grupo acredita que o ciclo de alta já terminou e que a Selic permanecerá em 14,75% até o fim de 2025. Essa expectativa é apoiada pela mediana das projeções do mercado financeiro, que não prevê mudanças nas próximas cinco reuniões do Copom — com algumas previsões estendendo a estabilidade até 15,25% ao ano.

Do outro lado, há analistas que apontam para um último ajuste de 0,25 ponto percentual, levando a Selic para 15%. Essa possibilidade se baseia no tom mais restritivo usado por alguns diretores do BC, que minimizam a desaceleração da inflação e mantêm a preocupação com tendências de médio prazo.

Os argumentos de quem quer um novo aumento incluem o desaquecimento insuficiente dos núcleos da inflação, o mercado de trabalho ainda aquecido e estímulos fiscais que podem impulsionar o consumo — fenômenos que preservam pressões inflacionárias.

Por outro lado, a resistência natural da economia diante de juros elevados já começa a dar resultados. A ligeira queda nas expectativas de inflação e a curva de juros futuros indicando certa acomodação sugerem uma possível estabilidade da Selic, caso não ocorram reações inflacionárias adversas.

Em resumo, mesmo após a inflação de maio ficar abaixo do previsto, o futuro da Selic segue incerto. O Copom optou por esperar por mais dados, refletindo a incerteza: o ciclo pode estar encerrado, mas ainda há argumentos técnicos para um último ajuste. O desfecho das próximas reuniões dependerá da leitura dos próximos indicadores — especialmente inflação, atividade econômica e política fiscal.