Por Fabi Teixeira:
Decisão de Trump segue tendência global de enxugamento da máquina pública; grandes corporações como Google e Amazon já adotaram estratégias semelhantes
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta terça-feira (11) um decreto que promete redefinir a estrutura da administração pública americana. A medida ordena que todas as agências federais preparem planos de demissões em massa sob a liderança do bilionário Elon Musk, que assume o comando do recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês).
O decreto estabelece que, para cada quatro servidores demitidos, apenas um novo trabalhador poderá ser contratado, com exceção de órgãos de segurança pública e imigração. As Forças Armadas também estão fora do escopo da medida. A iniciativa faz parte da estratégia de Trump para reduzir o tamanho da máquina estatal e garantir que apenas pessoas leais a ele ocupem cargos-chave.
Essa decisão, apesar de polêmica, reflete uma tendência global que já foi adotada por grandes corporações. Gigantes da tecnologia como Google e Amazon promoveram cortes significativos em suas equipes nos últimos anos, focando em eficiência operacional e otimização de recursos. O movimento, conhecido como “choque de gestão”, visa não apenas reduzir custos, mas também aumentar a produtividade e alinhar as equipes às novas demandas do mercado.
Em coletiva de imprensa no Salão Oval da Casa Branca, Musk defendeu as demissões como uma ação necessária para evitar a falência dos EUA. “Se não controlarmos o gasto público, o futuro econômico do país está em risco”, afirmou. O bilionário também declarou que pretende eliminar corrupção e desperdícios na burocracia federal, embora não tenha apresentado provas ou exemplos concretos.
A criação do Doge dá a Musk o poder de revisar folhas de pagamento, fechar agências e extinguir programas que ele considere ineficazes ou ideologicamente desalinhados. Um dos alvos principais é a Usaid, agência de ajuda externa, que já enfrenta um limbo jurídico desde o início da atual administração.
Especialistas apontam que essa estratégia pode ter efeitos colaterais severos. “Embora o corte de gastos traga um alívio imediato ao orçamento, há o risco de comprometer serviços essenciais e prejudicar o funcionamento de áreas estratégicas para o país”, alerta Jennifer Collins, analista política da Brookings Institution.
Por outro lado, defensores da medida veem no plano uma oportunidade de modernizar o setor público, seguindo o exemplo de empresas privadas que conseguiram manter a competitividade mesmo após reduções significativas em suas equipes. O Google, por exemplo, reestruturou suas operações em 2023, cortando milhares de postos, mas manteve o crescimento de suas receitas ao focar em inovação e automação.
O impacto imediato das demissões será sentido nos próximos meses, enquanto agências federais se adaptam à nova realidade. Para muitos, a mudança representa um passo arriscado na direção de uma administração mais enxuta, mas também mais suscetível a instabilidades. O futuro da burocracia americana está em jogo, com Donald Trump e Elon Musk no comando de uma das transformações mais radicais da história recente do país.